Nunca antes na história nesta cidade - plagiando o presidente Lula - uma eleição municipal teve tantos candidatos. Exceto na época da redemocratização, talvez.
Alianças esperadas não foram seladas, pelo menos por enquanto. Apoios inesperados foram dados, se serão cumpridos? Disputas internas movimentam partidos ladeira acima e ladeira abaixo.
Para começo de conversa o quadro em Salvador é assim tão plural por dois motivos. O primeiro foi a vitória do PT em 2006 que mudou a correlação de forças dos grupos políticos na Bahia, capital e interior. O outro foi a morte do senador ACM, e junto com ele a noção até então conhecida do Carlismo.
Partidos que se alinhavam automaticamente com o PT em eleições passadas - PSB, PCdoB, PPS - agoram declararam independência, até agora.
O PcdoB lançou a ex-secretária de Educação da gestão do atual prefeito e vereadora Olívia Santana. A pré-candidata teve seu nome vinculado a uma tentativa de deflagrar uma greve entre os professores municipais neste ano. O PPS lançou o economista Miguel Kertzman.
O PSB tem a pré-candidatura da ex-prefeita e deputada federal Lídice da Mata. O partido, porém, está em permanente conflito desde a saída do governo João Henrique. O conflito aberto entre Lídice e o presidente municipal Paulo Mascarenhas pode rachar ainda mais o partido, que pode terminar sem candidato ou com a candidata de um lado e do outro um grupo apoiando o atual prefeito.
Em São Paulo também não aconteceu o alinhamento automático dos partidos PCdoB e PSB ao PT. Ocorre que lá estão unidos no chamado "bloquinho" - da mesma forma que na Câmara dos Deputados - e pretendem lançar Aldo Rebelo(PCdoB) ou Luiza Erundina(PSB). O mais cotado é Aldo. Compõe ainda o PDT, que tinha o nome de Paulinho da Força Sindical, envolvido em denúncias envolvendo o BNDES.
Aqui em Salvador, o PDT se aliou ao PMDB. PDT, aliás, partido pelo qual o prefeito se elegeu e que se tornou um "nanico". Murchou porque João Henrique era principal figura do partido no estado, talvez elega uma boa bancada na Câmara de Vereadores caso faça coligação proporcional com o PMDB.
O prefeito João Henrique(PMDB) conseguiu boas alianças até agora. Além do PDT, PP e PRTB. Notícias dão conta que o vice na chapa será o tributarista Edvaldo Brito, do PDT. Mais uma vitória de Geddel?
O PT está em guerra na qual os deputados federais Pinheiro e Pelegrino brigam pela indicação. O primeiro argumenta novidade, o segundo persevarança. Outros dois pré-candidatos já retiraram a candidatura, J. Carlos e Luiz Alberto. O debate previsto não aconteceu, a eleição marcada para domingo foi adiada, o esperado consenso ainda não aconteceu. Enquanto isso....
O PRB lançou com toda pompa e circunstância a pré-camdidatura do apresentador Raimundo Varella, até agora líder das pesquisas com participação do vice-presidente José Alencar. Dessa vez ele diz que é para valer. Muitos acreditam que a liderança nas pesquisas deve-se ao fato de comandar diariamente um programa popularesco na rádio e na tv, enquanto os outros não tem essa exposição.
O PSDB vai disputar com o ex-carlista e ex-prefeito Imbassahy. O partido tem feito seminários temáticos, um deles trouxe a Salvador o pré-candidato a presidência e governador de São Paulo José Serra. Até o momento não divulgou alianças. A boa notícia foi que o nome do ex-prefeito foi citado por Lula três vezes na sua última visita à Bahia. Nada de estranho, o partido é da base do governador Jacques Wagner, mas Geddel não gostou.
O DEM tem como pré-candidato o deputado federal ACM Neto que tenta com ele voltar ao poder da capital. Depois da morte de ACM e da perda do governo do estado o então PFL encolheu e perdeu vários quadros. Essa eleição vai ser decisiva para o partido. Até agora recebeu o apoio dos nanicos PRP, PTdoB e PSDC. Uma possível aliança entre DEM e PMDB não está descartada. Em tempos do senador isso nunca aconteceria, nem aconteceu já que Geddel pensou apoiar o ex-governador Paulo Souto mas ACM vetou e Souto perdeu. O PMDB está livre, o PT preferiu lançar candidato ao invés de apoiar João Henrique.
O enigma do momento é o PR presidido por César Borges. Disputam o apoio, e os minutos do horário eleitoral, o DEM, o PSDB e o PRB. O deputado federal Maurício Trindade, de 70 mil votos, já decidiu apoiar ACM Neto mas o partido ainda não se pronunciou. Vai ser o fiel da balança!
Em junho começam as convenções. Até lá, muita água vai descer e subir as ladeiras da Cidade do Salvador.
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