quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tempo...Memórias...

Fim de ano chegando, quase dezembro, outro dia estava atrás do trio, ontem estava curtindo o "frio" do São João, parece que acabei de chegar de férias. Tempo, diminui a velocidade ou até o final do dia vou virar balzaquiano antes do tempo regulamentar...                                                

Deve ser a "magia" de fim de ano, esse sentimento de saudade daqueles que já fizeram parte da nossa história, saudade da própria história. Há que se confessar que sou daqueles fascinados pela história, pelo passado e pelos antepassados. 

Hoje, justamente quando buscávamos informações sobre um dos centenas de invisíveis desta cidade, as nossas próprias histórias batem a nossa porta como que por encanto e todas aquelas lembranças voltam sem pedir licença. Sem perceber, me dei conta que nossas lembranças tem cheiro, gosto, som e até a ausência de som são componentes importantes.

Sempre gostei do cheiro de "maresia", aquele produzido pelas algas no mar. Me dei conta que esse cheiro me transporta para as férias de minha infância quando chegava na Ilha de Itaparica, em Vera Cruz, mais precisamente em Conceição, onde passei boa parte de minhas férias de verão junto com familiares: avós, tios, primos...etc, e as diversas e divertidas histórias (lembranças)...

O cheiro da chuva, ao contrário, lembra da minha infância em Ipirá. Desde pequeno quem mora no sertão aguarda ansiosamente a chuva e com ela toda a mudança no tempo seco e árido do sertão. Cheiro de chuva significa esperança, colheita e fartura...

Som. Música. Falar de música que faz parte da história é "chover no molhado", todo mundo tem as suas. E a ausência de som? Quando passo pelas grandes avenidas de vale de Salvador sinto falta do canto das cigarras, fico feliz quando escuto uma que seja em uma dessas madrugadas da cidade. O que teria acontecido com as cigarras que ninavam meu sono de volta para casa em Salvador? Neste caso, pode-se chamar de "memória surda".

Será o efeito do tempo?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Operação Caixa de Pandora

Só agora vi que o título deste escrito lembrei que não tinha comentado ainda a eleição da primeira mulher presidente (ou presidenta) do país. Para as mulheres é um momento de júbilo uma vez que uma mulher ocupará o cargo mais importante do país tendo sido eleita pela via democrática pela maioria dos eleitores que compareceram às urnas no segundo turno das eleições gerais.

Apesar de representar a histórica (esse adjetivo perdeu muito significado nesses últimos anos porque todo acontecimento, governamental principalmente, era retratado como tal) ascensão das mulheres ao poder, todas as paredes do recém-reformado Palácio do Planalto sabem que a neo-presidente estará ocupando o local apenas pela surpreendente transferência de votos do seu padrinho, o Lula. Portanto, há que se considerar uma eleição histórica "parcial".

Voltando ao tema, e ainda falando de Dilma, durante toda a campanha considerava uma temeridade votar em uma pessoa desconhecida para a presidência. Pois bem, menos de 48 horas depois surge de um governador aliado do governos (atual e próximo) a idéia de recriar a CPMF, destituída em 2007 por força e pressão da sociedade. Antes de eleita a candidata Dilma falava em diminuição na exorbitante carga tributária do país , agora tem a desfaçatez de declarar que "aceitava" discutir a volta do tributo. Élio Gaspari chamou de estelionato eleitoral, sorte minha que eu não me encontro entre as vítimas do golpe...

Vítimas são todos os estudantes que se submeteram ao ENEM neste fim de semana. Pelo segundo ano consecutivo o Exame é marcado por denúncias, escândalos que denunciam ineficiência e incompetência. Lula (ele mesmo tem sua própria caixa) declara que o ENEM é um sucesso!?
Não tão vítima também é o povo brasileiro que escuta calado, deitado e dormindo em berço esplêndido, o deus encarnado do cinismo declarar que o aumento do salário de deputados federais, senadores e da presidente eleita é questão de "justiça". Ele finge (?!) não saber que o aumento gera efeito cascata em todos o país, autorizando deputados estaduais, governadores, prefeitos e vereadores também aumentarem os próprios salários também.

A produção de absurdos, infelizmente, acontece aqui também na planície. Acredite, há aqueles que defendem a volta da CPMF. Primeiro argumentam dizendo que é um imposto para os ricos, depois de explicado que é um tributo que atinge igualmente toda a população o mesmo transforma-se, como que por encanto, em uma irrisória contribuição individual e para terminar, de volta ao início, dizem que Dilma vai precisar, etc. O Estado brasileiro bate recordes de arrecadação de tributos, mais transparência, menos corrupção e recursos destinados à saúde não precisa de novos impostos. Reforma Tributária já!

A vida é uma caixa de surpresas!? Com uma frequência cada vez maior tem sido uma verdadeira Caixa de Pandora! Quando eu penso que  a cota de absurdos do ano foi extrapolada sempre aparece mais um...
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