sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mercado cultural

Quais os critérios de escolha entre F. Chopin ou pagode? Da mesma forma, por que um leitor prefere as tais revistas de celebridade aos clássicos da literatura? E um telespectador, que tem o controle (remoto) nas mãos para decidir que programa de televisão assistir: mundo cão ou jornalísitico? Por que pensar em tudo isso?
Sábado chuvoso em Salvador e dispensa vazia, só há um lugar para ir à noite: o supermercado, que pensava estivesse vazio mas estava movimentado demais para o horário.
Na fila à espera do "chamado" do caixa não passa despercebido que na prateleira  da fila estão estrategicamente postos produtos supérfluos de primeira necessidade: chocolates, salgadinhos e gomas de mascar, além de revistas de celebridades que tratam de assuntos não menos importantes: o ex-marido de fulano engravidou ciclana, ex-mulher de beltrano  que é filho de fulano; a mulher fruta está namorando com o jogador animal; receitas para trazer o amor de outras vidas e as novas descobertas sobre as benesses de um condimento plantado por monges cegos de uma pequena ilha da Nova Guiné.  Do outro lado, porém, estão pocket books - clássicos da literatura nacional e mundial - de Agatha Cristhe, Machado de Assis e jornais. O preço das revistas de celebridade (R$  7,90) é praticamente equivalente aos dos livros (R$ 8,90). Qual escolher?
Também como telespectador temos o controle do que assistir na TV. No horário do almoço há canais abertos que disponibilizam programas que retratam o "mundo cão" da forma mais grotesta e grosseira possível, assim como outros que apresentam programas jornalísticos e esportivos. É o cidadão que tem o controle (no sentido duplo da palavra) para decidir o que assistir. O programa jornalístico está a um clique do mundo cão, quem tem o controle?
Na Bahia, há uma discussão eterna sobre o espaço dos diversos estilos musicais. Os rockeiros são os principais críticos da hegemonia da Axé Music e afins (pagode e forró) no cenário musical baiano. Também sou consumidor do estilo, porém considero "axé" as músicas que tratavam da baianidade e do carnaval das décadas de 80 e 90, na época em que curtia as micaretas em Ipirá. Poucas músicas hoje se encaixam neste perfil e estas geralmente tem o dedo do showman Carlinhos Brown.
E a música clássica, tem espaço na Bahia? Impossível não pensar nisto enquanto não escuta um concerto que reuniu a OSBA e o pianista polonês Jan Krzystof Broja, um virtuose da nova geração de músicos europeus, no Teatro Castro Alves para celebrar o bicentenário de F. Chopin. Não só em eventos restritos como este é possível escutar música clássica na cidade. Durante os festejos do 2 de julho diversas orquestras se revezam na apresentação de concertos para comemorar a nossa independência e poucas são as pessoas que ficam para prestigiar. Por que?
Política cultural é um tema inesgotável, portanto, este escrito não quer nem tem a pretensão de encerrar o assunto mas colocá-lo em pauta. Por que determinada parcela da população que tem acessos a bens culturais mais elaborados simplesmente os ignora? 
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sábado, 24 de julho de 2010

Palavras cruzadas

O presidente Lula esteve em Salvador para receber a Medalha 2 de Julho das mãos do governador Jaques Wagner em uma cerimônia protocolar no Palácio Rio Branco em Salvador. A medalha homenageia pessoas que lutam pela democracia e direitos humanos. Pensando bem, internamente a história do presidente está ligada à luta pela redemocratização junto com tantos outros como Franco Montoro, Ulisses Guimarães, FHC, José Serra, Mário Covas. Porém, a política externa do seu governo é paradoxalmente oposta ao apoiar a ditadura do Irã, a cinquenternária ditadura dos Castro em Cuba, as ditaduras africanas e por último, mas não menos importante, a ditadura bolivariana de Hugo Chávez.
Hugo Chávez, aliás, continua livre, leve e solto na consolidação de sua ditadura. A sua última atitude foi assumir o controle da única TV no país que tinha coragem de fazer algum tipo de crítica. O dono da TV está refugiado nos EUA e teve parte de seus bens tomados pelo governo bolivariano. Não bastasse toda fúria contra a democracia interna, o governo da Colômbia denunciou a existência de guerrilheiros das FARC refugiados na Venezuela. 
As FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - foram assunto principal na campanha eleitoral esta semana. O candidato a vice-presidente na chapa do tucano José Serra trouxe a tona a incômoda relação de irmandade do PT com o grupo terrorista. É fato que o PT se relaciona com o grupo desde a época do Foro de São Paulo - grupo que reúne a esquerda na América Latina - e muito antes disso as FARC já faziam sequestro e eram ligados ao narcotráfico. Nem o próprio Lula nem o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia nunca disseram uma palavra contra as FARC. Nem mesmo a candidata a presidente Dilma, que requisitou pessoalmente que a mulher do representante dos terroristas no país fosse trabalhar com ela. 
Dilma, a candidata governista, foi contemplada com um discurso seu em na cartilha  " Mais mulheres no Poder. Eu assumo este compromisso" produzida pela Presidência da República que seria distribuído entre partidos políticos, políticos e candidatos nos estados pouco antes das eleições. A cartilha é tão ilegal que traz um botão confirma de urna eletrônica na capa, mas não tem nada de eleitoreiro, por que pensar assim? Lula não pensa, assim....
Assim como o presidente Lula, a candidata Dilma também deveria ter sido contemplada com a medalha 2 de Julho, juntamente com Chávez e o representante das FARC no Brasil.
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segunda-feira, 12 de julho de 2010

A ficha caiu?

*Todos os  principais candidatos tem aliados com ficha suja: Serra tem Joaquim Roriz  no Distrito Federal e Cássio Cunnha Lima na Paraíba.  Dilma tem Roseana Sarney - que aumentou patrimônio em 53 vezes - no Maranhão e o pai José Sarney no Amapá. Tem na sua companhia o candidato ao governo - com o apoio de Lula - Collor nas Alagoas e Jáder Barbalho no Pará. Até a verde Marina Silva tem que se acostumar a defender o seu colega de partido o deputado federal Sarney Filho. E viva o clã Sarney!
**Wagner foi a África do Sul dizendo que estava lá para lutar que abertura da Copa 2014 seja na Cidade do Salvador. Só faltou combinar com Lula que não lembrou que existe país fora da Cidade Maravilhosa. Vergonhoso foi o discurso do nosso presidente no lançamento da Copa no Brasil, pensou que estivesse no nosso país onde o que ele diz costuma ser tratado como decreto, ou pior lei, ou pior ainda, dogma. Falando em ficha, lá no estrangeiro são outros quinhentos...
***Durante o seu governo, Lula foi o responsável por criar artifícios para sair de uma crise.  Agora a sua candidata vai pelo mesmo caminho tortuoso. Sobre aquele polêmico programa de governo que o partido entregou ao TSE primeiro ela disse que leu sem assinar (um absurdo!), depois apresentou uma segunda versão ao dizer que rubrica não é assinatura.  A candidata ainda se recusou a responder a esta simples pergunta: Por que quer ser presidente?. Sem a ajuda dos universitários, ou melhor, dos marqueteiros e seus teleprompters, nada feito. Tomara que ela não vença, o país vai gastar milhões nestes equipamentos...
****Em Cuba, com participação da Igreja Católica e do governo espanhol, vários dissidentes políticos serão finalmente libertados e serão enviados - junto com sua família - para a Espanha onde poderão disfrutar de liberdade, em todos os sentidos. Este é um evento que deve ser comemorado por tratar-se de libertação de presos políticos de um regime ditatorial apoiado pelo governo brasileiro. Ao contrário do que afirma o governo Lula, nosso país não esteve envolvido neste ato humanitário, até porque nosso presidente considera os presos políticos cubanos como se criminosos fossem. Apesar da comemoração de todos aqueles que defendem a democracia e a liberdade, fato é que Cuba continua vivendo sob a ditadura dos Castro sem previsão de mudança.
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