terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Baianidade nagô

Como diz a letra da música no título, "já pintou verão, calor no coração, a festa vai começar, carnaval na Bahia, oitava maravilha". É verdade que chamam baiano (e os nordestinos, por tabela) de preguiçoso, mas, perdoem-me os outros, mas carpe diem e baianidade são sinônimos.
Quando começa o verão na Bahia? Oficialmente, com a festa da Conceição da Praia e aí emenda uma festa na outra culminando(?!) com o Carnaval. Pensando bem, com o fim das festejos juninos (re)começam os ensaios em Salvador. O meu verão começa quando vou para o primeiro ensaio.
Ano passado, fui para um ensaio da cantora Mariene de Castro no espaço cultural da Barroquinha em plena Praça Castro Alves. Samba de roda, Cortejo Afro e Cultura da terra, tudo em um só lugar foi o suficiente para a contagem regressiva até o carnaval passar de dias para horas...
Não bastasse toda essa ansiedade,  o ano de 2010 começa e lá vou eu na segunda quinta feira de janeiro percorrer a distância entre a Conceição da Praia e a Colina Sagrada e depois, dá uma passadinha na Ribeira, porque ninguém é de ferro. A feijoada é a recompensa! Na Lavagem do Bonfim quem tem fé, vai a pé! Aí foi que eu sambei...
Final do mês fui convidado para participar de uma festa em um Terreiro de Candomblé (Roça) lá em Castelo Branco, e fui. Pode ser clichê, mas ao participar do ritual do aniversário de 7 anos de santo de três filhos da casa a minha baianidade nagô ficou cada vez mais e mais à flor da pele. É emocionante!
No Candomblé toda a tradição é transmitida oralmente através dos tempos e com ela a obediência à hierarquia, o cuidado e a devoção aos mais velhos e o respeito ao sagrado através de gestos, emoção e palavras(cantos) na língua dos ancestrais. O que mais fascina nas religiões de matriz afro é que a divindade é parte integrante do ritual e que, em certo momento, humano e divino são um só diante dos nossos olhos. As rezas (músicas)  são entoadas em uma batucada vibrante. Você já foi a um terreiro? Então vá...
Falando em orixás, ontem, como todo ano, acompanhei a entrega do presente de Oxum no Dique do Tororó (famoso pelas esculturas dos deuses africanos). Na véspera da festa no mar, adeptos do candomblé fazem homenagem à Oxum,  - que dizem ser um tanto ciumenta. Afinal, nesta cidade todo mundo é D'Oxum...
E hoje, 2 de fevereiro, uma linda Iemanjá negra foi o presente principal da festa que lotou o Rio Vermelho de baianos e turistas - vestidos de branco e azul - reverenciando o mar e enchendo centenas de balaios de flores e outros presentes para Odoyá ao som  de afoxé, ijexá e samba. E Carnaval que não chega...Já é carnaval, cidade! Axé!
Contagem Regressiva para o início do carnaval: 8 dias, 17 horas e 49 minutos.
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2 comentários:

  1. Eita que misifio tá com o calendário todo na cachola!!Gosto de conhecer o sincretismo baiano.É uma magia que fascina,atrai.Isso sem se falar na riqueza cultural oriunda da mama África que com certeza se faz presente e dá à Bahia,uma identidade própria que talvez nenhum outro estado possua.
    Salve a Bahia!
    Parabéns pelo texto que foi escrito de maneira tão vigorosa e eficiente.

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  2. Amigo...

    Só entende a Bahia quem é baiano...Brilho,mágia,mistérios,entidades,cheiros,aromas,sabores isso é a mistura que enlouquece a todos que passam por aqui...
    São santos,orixas,evangelicos uma irmandade constante em todas as crenças...
    São pretos,amarelos,mulatos,branquissimos enfim uma aguarela que só os que não tem preconceitos é que podem traduzir...
    Bahia sempre linda...
    Bethania,Gal,Gil,Caetano,Rainundo Sodre,10 Mil Destinos,Verlando com sua flor,Paraiba,são sons,estilos musicais...Tudo aqui vira musica...
    Bendita a Bahia...
    Que orgulho imenso de ser baiano...
    Muita Luz

    Alberto Pires

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